
Ao tomarmos conhecimento da Ata da Assembleia Estudantil convocada pelo CAFAU, realizada nesta última quarta-feira, 5 de junho de 2024, entendemos a importância de informar a nossa comunidade sobre as ações que vêm sendo realizadas ou apoiadas pela Direção da FAU desde o retorno às atividades presenciais, em 2022.
De fato, percebemos nas falas e manifestações registradas na ata, um certo desconhecimento dos esforços e da enorme energia empregada por colegas docentes, técnicos-administrativos e também estudantes em prol da melhoria das nossas condições de trabalho e manutenção das nossas atividades no Edifício Jorge Machado Moreira, EJMM. Para aqueles que não viveram os anos anteriores ao terrível incêndio ocorrido no oitavo andar do EJMM em outubro de 2016, nossas condições atuais mereceriam ser apreciadas à luz das consequências desse incidente, mas também da histórica falta crônica de investimentos na manutenção da nossa infraestrutura física, mesmo quando os orçamentos foram mais favoráveis.
Antes de listar as ações realizadas, cabe reconhecer que as obras de recuperação estrutural do Bloco C, reforma das instalações elétricas do Bloco A (lâmina) e impermeabilização dos Blocos C e D, mesmo que parcial de lajes de cobertura, foram realizadas por iniciativa da Reitoria da nossa Universidade, em pleno momento pandêmico, usando orçamentos apertados já afetados por cortes praticados pelo governo anterior. É, portanto, uma questão de justiça e fidelidade do relato histórico com os fatos vivenciados à época lembrar que esses investimentos passaram por longos processos licitatórios, como manda a lei, e sua realização não foi uma conquista da assembleia realizada nos pilotis do prédio em dezembro de 2021 – em que pese o mérito daquela reunião –, mas apenas coincidiu temporalmente com esta. A principal motivação desses investimentos foi de garantir as condições de segurança que permitissem o nosso retorno ao EJMM.
Esse retorno só pôde acontecer porque muitos de nós entendemos que era mais valioso e importante estarmos de volta ao nosso espaço histórico, mesmo que em condições não ideais. Naquele momento, foi um esforço coletivo que nos animou a consertar, arrumar e melhorar os nossos locais de trabalho e convívio, recriando condições mais favoráveis para a nossa permanência no prédio ao qual a FAU se vincula tão visceralmente. Resistimos assim, como já havíamos feito na ocasião do incêndio do oitavo andar, às vozes que acusavam o EJMM de ser inviável, defendiam o seu abandono e a nossa mudança para outro lugar, genérico.
De lá para cá, muita coisa continuou a ser feita, apesar da conjuntura orçamentária ter permanecido desfavorável. Acreditamos que no atual contexto de protestos, seja importante sublinhar isso para dizer que o que temos conquistado é fruto de muito empenho e envolvimento pessoal, e horas de vida e apego à nossa instituição, de pessoas efetivamente envolvidas, mas cujas ações permanecem muitas vezes invisíveis, justamente por não terem tanto tempo a dedicar à informação sobre o que fazem.
Então, percebendo que é preciso comunicar mais para que todos esses esforços empreendidos não fiquem assim tão invisíveis, decidimos dedicar algumas das nossas horas noturnas para fazer esta devida comunicação, na esperança de evitar que os ritos democráticos não sejam tão prejudicados pela desinformação e que todo esse empenho não tenha conseguido preservar a continuidade das nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão – nossa missão primeira e que nos confere reconhecida excelência – sem prejuízo do legítimo direito de protestar.
Dito isso, listamos a seguir, mesmo que de forma sumária, as ações realizadas.
1. Ações realizadas desde o retorno da pandemia:
- Resgate de espaços do Bloco D (revisão de esquadrias, instalação de ventiladores, finalização da reforma do LCE, abertura do grande salão das salas D2 a D6, para servir de ateliê aberto de estudos aos estudantes);
- Reabertura do quinto andar, interditado desde 2016;
- Resgate de áreas históricas do EJMM no segundo andar e mezanino, Salão Nobre e Salão Minerva (Congregação da FAU), ocupadas pela Reitoria desde 1969;
- Criação do Centro de Referência JMM, espaço de memória do Complexo Modernista da Ilha do Fundão e do projeto e execução do EJMM;
- Projeto em curso de mudança da Direção da FAU para os seus espaços originais do 2º andar e mezanino, conforme projeto original do EJMM;
- Reabertura do Bar do Seu Zé, abandonado desde 2016;
- Recuperação de salas de aula no terceiro andar para torná-las cativas das turmas de primeiro e segundo períodos que ganharam assim espaços permanentes de trabalho e estudo, recuperando o espaço pedagógico original do EJMM;
- Apoio e participação na criação da Associação de Amigos e ex-alunos da FAU, a AMEAFAU;
- Recuperação do corredor de serviço afetado por incêndio na procuradoria em 2021 com apoio do fundo criado pela Reitoria na Coppetec para recuperação do EJMM;
- Compra de equipamentos em Edital LIG (Sala do Futuro com óculos imersivo, Oficina de Maquetes, LCE e reinstalação do LABGRAF na 301);
- Conserto das cortadoras a Laser;
- Implementação da reforma curricular, integrando as horas de extensão no currículo e organizando a grade horária do nosso Curso de Graduação para permitir a existência de um Horário Extra-Curricular em todos os dias da semana (12-13h30), antes restrito apenas às quartas-feiras;
- Espacialização do novo currículo para distribuição mais perene das turmas e disciplinas nas salas (estabilização do mapa de salas), permitindo maior apropriação dos espaços e organização deles pelos docentes;
- Aquisição inicial de televisores de LED, e projetores, para melhorar nossa capacidade de apresentação de trabalhos em meio digital;
- Organização do Ciclo Avançado, que flexibiliza conteúdos e promove abertura interdisciplinar e maior integração com a pós-graduação e a extensão;
- Criação e instalação da nova Biblioteca Integrada EBA+FAU+IPPUR, com apoio de emenda parlamentar captada pela EBA, fomento Faperj pela FAU e envolvimento do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ – SiBI – um projeto premiado pelo IAB-RJ, desenvolvido pela equipe do Projeto-FAU, que permitiu concretizar um desejo de mais de 20 anos;
- Fabricação de mesas de estudos para a nova biblioteca;
- Novo Núcleo de Produção de Mídia Digital, com estúdio de gravação, e salas de trabalho equipadas com telas de LED;
- Aquisição da Estação Total para as disciplinas de Topografia;
- Projeto de pesquisa e colaboração internacional para elaboração de Plano de Conservação Integrada do EJMM (proposta aprovada e apoiada pelo CNPq);
- Criação e viabilização do Laboratório Aberto de Inovação e Design, LAID, com verba FINEP, em parceria com a EBA e a COPPE;
- Projeto de recuperação do Núcleo de Pesquisa e Documentação, NPD (afetado pelo incêndio de 2021);
- Apoio à realização de eventos estudantis;
- Renovação e ampliação dos acordos de intercâmbio internacional;
- Projeto de recuperação do 8º andar, fechado desde 2016.
2. Ações em curso
- Apoio à criação de área de alimentação para os estudantes no térreo em parceria com o CLA;
- Obra dos novos espaços administrativos da direção da FAU no 2º andar;
- Aquisição de novos equipamentos de corte a laser e fabricação digital (com recursos ganhos em editais do CNPq e da FINEP);
- Colaboração com a TIC para desenvolvimento de projeto e instalação de nova rede de dados no EJMM;
- Campanha de captação de verbas para recuperação dos jardins tombados, obras de Burle Marx;
- Parceria com a Firjan para estudo de encaixes para fabricação digital de mobiliário destinado à reforma do café-livraria do térreo;
- Apoio à iniciativa da AMEAFAU em projeto para instalação de meios de combate ao incêndio no EJMM através de Lei Rouanet;
- Estudo aprovado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, IRPH (órgão de tombamento do edifício) e desenvolvimento do projeto para escadas de escape nas empenas do Bloco A em parceria com o ETU;
- Colaboração com o ETU para resgate das fachadas de CoBoGó no térreo do Bloco D;
- Publicação do segundo número da série monográfica FAUPUBLICA com apoio do CAU-RJ.
3. Previsão com orçamento participativo deste ano
- Climatização dos auditórios e de parte das salas de aula teóricas da FAU;
- Instalação e revisão de ventiladores em todas as demais salas;
- Reforma dos banheiros;
- Instalação de bebedouros nos andares;
- Inauguração do LAID com instalação do Braço Robótico, Router CNC e impressoras 3D;
- Recuperação do piso de pedra portuguesa nas áreas externas em colaboração com a AMEAFAU e calceteiros da SECONSERVA, da Prefeitura do Rio de Janeiro;
- Aquisição de mais dez conjuntos de painéis expositores;
- Projeto de sinalização e comunicação visual para o EJMM.
Não poderíamos concluir essa carta aberta sem deixar de agradecer a todas e todos que têm se desdobrado para que a FAU não pare, assim como a nossa UFRJ, tanto na atual gestão, como em gestões anteriores. Nesse sentido, é importante mencionar o espírito de real parceria das direções da FAU e da EBA, não apenas no sentido da melhoria das nossas condições de trabalho e permanência nesse mesmo edifício, mas também na exploração de possibilidades originais em termos de formação e desenvolvimento artístico e científico.
E é mesmo nesses momentos menos ideais e mais desafiadores que aprendemos a nos reinventar!
Ilha da Sapucaia, Cidade Universitária, 7 de junho de 2024.
63° ano da inauguração do Edifício Jorge Machado Moreira.
79° ano de fundação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
A Direção da FAU/UFRJ
Veja a carta na íntegra: Link para a Carta Aberta completa