Oficina de calcetaria no pilotis do EJMM

Fotos: Ethel Pinheiro

No final de semana de 14 e 15 de setembro, foi realizada uma oficina de calcetaria no pilotis do Edifício Jorge Machado Moreira (EJMM), sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. O evento foi uma ação conjunta entre a II Semana de Encontros Acadêmicos da FAU/UFRJ (SEMEA), a exposição Burle Marx e a UFRJ: a paisagem moderna na Cidade Universitária e o VIII Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (ENANPARQ8).

Durante os dois dias a atividade reuniu quarenta estudantes da graduação (inclusive da EBA) e da pós, e oito professores de diversos departamentos da FAU, que, orientados pelo Arquiteto da FAU Ramon Assis, e pelos operários Edinaldo de Jesus Andrade (o “Baiano”) e Vitor Hugo Misetti Barreto, conseguiram recuperar cerca de 80m² deste pavimento histórico. 

A primeira atividade foi a limpeza do local (que se estendeu aos canteiros dos jardins vizinhos; degradados, com terra e lixo) e separação das pedras portuguesas por cor. A seguir, foi preparada a “farofa” (mistura de cimento e saibro, no traço 1:5) e a estabilização das superfícies, com a retirada do leito de areia original e o preenchimento do espaço com a nova camada de assentamento da farofa. Finalmente, foi realizada a inserção cuidadosa das pedras, respeitando a paginação do piso, conforme projeto original de Burle-Marx, e efetuada a aplicação de água na superfície, para ajudar na fixação da farofa. A compactação mecânica, realizada no final do processo, ajudou a homogeneizar e nivelar o piso.

As pedras portuguesas são um material de excelente qualidade, grande durabilidade e bastante permeáveis, permitindo que a água penetre no solo de forma lenta e gradual. No entanto, por não receberem manutenção adequada, e a simples reinserção pontual das eventuais pedras soltas, com o tempo os pequenos desprendimentos resultam em grandes áreas deterioradas. O uso inadequado do espaço com automóveis transitando pela superfície, algo cada vez mais comum nas festas realizadas no pilotis, também colabora decisivamente com a degradação do espaço. A manutenção desse tipo de calçamento é extremamente simples, não devendo ser utilizado somente cimento, pois as pedras não são “coladas”, mas sim intertravadas sobre um leito de de saibro e cimento, e rejuntadas com a mesma mistura e uma fina camada de areia para acabamento.

Apesar do grande envolvimento, a tarefa não deu conta de recuperar toda a área, cerca de 360m², e estudamos a possibilidade de realizar novas jornadas de trabalho para dar mais alcance à tarefa e recuperarmos a integridade de nosso pilotis, trazendo-o de volta ao nosso uso cotidiano.

A rica experiência de troca de saberes e a experiência real de fazer aumentaram a consciência da necessidade de conservação do EJMM, e da dificuldade de realizar essa tarefa, e traz a dimensão da qualidade de nosso patrimônio edificado da UFRJ.

A FAU agradece imensamente a cada um dos envolvidos.

Obrigado!